sexta-feira, 23 de abril de 2010

"Apenas já não somos mais crianças e desaprendemos a cantar. As cartas continuam queimando. Eu tentei pensar em Deus. Mas Deus morreu faz muito tempo. Talvez se tenha ido junto com o sol, com o calor. Pensei que talvez o sol, o calor e Deus pudessem voltar de repente, no momento exato em que a última chama se desfizer e alguém esboçar o primeiro gesto. Mas eles não voltarão. Seria bonito, e as coisas bonitas já não acontecem mais."

Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 14 de abril de 2010


" Para a muito estranha embora muito familiar narrativa que estou a escrever, não espero nem solicito crédito. Louco, em verdade, seria eu para esperá-lo num caso em que meus próprios sentidos rejeitam seu próprio testemunho. Contudo, louco não sou e com toda a certeza não estou sonhando. Mas amanha morrerei e hoje quero aliviar minha alma. Meu imediato propósito é apresentar ao mundo, plena, sucintamente sem comentários, uma série de simples acontecimentos domésticos. Pelas suas seqüencias esses acontecimentos me aterrorizaram, me torturaram e me aniquilaram(...) A mim se apresentam cheios de horror. Para muitos, parecerão menos terriveis do que grostescos. Mais tarde talvez alguma inteligencia se encontre que reduza meu fantsma a um lugar comum, alguma inteligencia mais calma, mais logica(...)

O gato preto. E.A.P